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Matérias / Religião

'Se tememos o demônio, já cedemos demais a ele': Os relatos de um padre exorcista

Nomeado pelo Papa Francisco, o Padre Carlos Martins atuou como exorcista da Igreja Católica e agora traz relatos assustadores em 'Exorcista - Os arquivos secretos'

Padre Carlos Martins* Publicado em 01/06/2025, às 14h00

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Imagem ilustrativa - Getty Images
Imagem ilustrativa - Getty Images

Um dos meus primeiros encontros com o Diabo ocorreu dentro de uma casa logo após minha ordenação como sacerdote. A casa de uma mulher havia sido destruída por um incêndio, então ela se mudou para a residência do tio enquanto ele estava no Afeganistão.

Em pouco tempo, ela começou a ouvir vozes chamando-a de cômodos adjacentes e ruídos de arranhões dentro das paredes. Os eletrodomésticos ligavam e desligavam sozinhos, e objetos que estavam em segurança sobre uma mesa ou bancada caíam repentinamente no chão. Os fenômenos a aterrorizavam.

Quando entrei na casa, senti uma tensão inconfundível, que acho difícil de expressar em palavras. Isso me fez lembrar de quando brincava de esconde-esconde quando era criança e esperava que meu esconderijo fosse descoberto a qualquer momento. Eu tinha a intensa sensação de estar sendo observado por algo que não me queria ali. Até mesmo o ar parecia estar contra mim. Eu estava sendo avisado: Saia, ou então…

Esse sentimento, no entanto, apenas aprofundou a compaixão que senti pela mulher e solidificou meu desejo de ajudá-la. Quando entrei na sala de estar, o ventilador de teto começou a girar. No início, girava lentamente — quase não se movia.

Em um instante, porém, estava girando tão incrivelmente rápido que suas pás mal eram um borrão. O vento abundante do ventilador espalhou papéis soltos e pequenos objetos pela sala.

Em um piscar de olhos, no entanto, o ventilador parou e ficou perfeitamente imóvel — apenas para começar a se mover lentamente alguns momentos depois. De repente, estava girando muito rápido novamente e, com a mesma rapidez, começou a girar na outra direção na mesma velocidade.

Coloquei a bolsa na mesa da sala de jantar e comecei a tirar o que precisava para fazer água benta. Pedi à mulher que enchesse uma tigela com água da torneira e comecei as orações quando ela voltou. Quando terminei e comecei a fazer as orações de exorcismo para a casa, ouvi o som de uma caixa de música vindo do andar de cima.

Ali!”, exclamou ela. “Essa é a caixa de música!”

A caixa de música

Ao solicitar minha ajuda, a mulher mencionou uma caixa de música como o mais assustador de todos os distúrbios. Ela estava no quarto do tio e tocava aleatoriamente dia e noite, mesmo que ninguém desse corda nela.

A mulher tentou tirá-la da casa, mas ela não saía do lugar na cômoda. Era como se os dois estivessem fundidos. Ela até removeu a chave de enrolamento para garantir que não estava sendo girada de alguma forma. Mesmo assim, a caixa de música continuou a tocar.

Comecei a aspergir água benta pela casa, e subi as escadas depois de ter terminado o andar inferior. Depois de abençoar todos os cômodos, entrei no quarto do tio dela e vi a caixa de música tocando. Abaixei-me e peguei-a sem problemas e, assim que a toquei, ela parou de funcionar. Abri a tampa para dar uma olhada no interior.

Para nosso choque mútuo, a caixa de música não continha nada. Não havia peças, nem sinos, nem mecanismo de corda, nem lugar para pilhas. Tampouco havia qualquer evidência de que ela já tivesse abrigado qualquer um desses itens. Era uma caixa de madeira vazia.

Tomando emprestado um ditado muito usado, “A vida é uma caixinha de surpresas”. Eu não esperava ser bem-sucedido no dia em que entrei na casa dessa mulher, mas também não esperava ser um exorcista. Depois que borrifei a caixa com água benta, ela nunca mais teve fenômenos diabólicos e viveu em paz na casa do tio.

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Capa do livro 'Exorcista - Os arquivos secretos' - Divulgação

Eu também nunca esperei estar em um ministério ordenado. Na verdade, até minha conversão do ateísmo durante meus estudos de graduação, nunca esperei acreditar em Deus. Mas agora escrevo este livro como um sacerdote católico que também é exorcista.

Na Igreja Católica, o exorcismo não é um ministério ao qual um sacerdote normalmente aspira. É um ministério que lhe é designado… e que ele aceita com grande relutância.

Se um seminarista ou jovem sacerdote demonstra um interesse significativo pelo demoníaco, isso geralmente é recebido com preocupação por seus superiores ou pelo bispo, e ele é instruído a direcionar sua atenção para outro lugar.

A única coisa tão ruim quanto dar pouca atenção ao demônio é dar muita atenção a ele.

Com ou sem razão, há uma certa “mística” em torno desse ministério. As pessoas perguntam regularmente aos exorcistas: “Você não tem medo do demônio?”.

De minha parte, a resposta é simples: não. Se tememos o demônio, já cedemos demais a ele. Eu respeito o demônio. Eu o respeito muito. No entanto, não o temo. Eu temo somente a Deus. Tenho medo de ofender a Deus; tenho medo de abandonar Sua graça; tenho medo de pecar contra Deus. Mas não temo o Diabo.

Qual é a diferença entre respeitar o demônio e temê-lo? Uma analogia pode ser útil. Você provavelmente tem uma faca afiada na cozinha. Quando usa essa faca, você é cuidadoso por causa do que pode acontecer se não for. Em outras palavras, você respeita a faca. No entanto, quando vai para a cama à noite, por mais perigosa que sua faca de cozinha possa ser, você nunca se preocupa com ela ou perde o sono por causa disso. Se isso acontecesse, você concordaria que algo está errado com seu estado mental.

Embora seja uma alegria fazer esse trabalho, nunca gostei de encontrar o Diabo e seus asseclas. Eu teria ficado satisfeito com minha vida de padre se nunca tivesse encontrado um único demônio.

No entanto, considero esse ministério uma bênção e imensamente significativo. Por meio dele, ajudo Jesus Cristo a resgatar as almas que Ele ama, almas pelas quais Ele deu Sua vida, mas que estão sob o tormento de Seu inimigo. O que poderia ser mais gratificante do que dar a Jesus o que Ele quer?

Embora seja da natureza do trabalho de um exorcista combater demônios, seu foco principal nunca é o mal, mesmo que ele e a maior parte do tempo lutando contra ele. Seu foco principal é Jesus Cristo, por quem ele deve estar loucamente apaixonado.

Esse foco é crucial porque o une a Cristo e permite que Cristo o transforme em si mesmo. Tomando emprestado um termo do cristianismo oriental, o objetivo do exorcista é tornar-se divinizado. Seu ministério é eficaz na medida em que isso ocorre.

Publico esta obra sabendo que há sempre um perigo em fazê-lo. Muitos preferem ler um livro sobre o Diabo a um sobre Jesus Cristo. A atração humana pelo mal é um obstáculo para o crescimento de muitas pessoas em santidade.

Embora nas páginas seguintes eu discuta a natureza e a estratégia do antigo inimigo do homem, fiz isso apenas para destacar a vitória do Deus encarnado, cujo propósito é “fazer novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5).


O trecho acima, cedido exclusivamente ao Aventuras, foi retirado do livro Exorcista – Os Arquivos Secretos - Histórias reais sobre o demônio e como combatê-lo, escrito pelo Padre Carlos Martins e publicado pela Citadel Grupo Editorial.


*Padre Carlos Martins é um dos mais renomados especialistas em atividade demoníaca e sobrenatural do mundo. Seu podcast de sucesso, The Exorcist Files, atraiu milhões de ouvintes para encenações cheias de suspense de casos de exorcismo e os ensinamentos que os acompanham.

Antes ateu, o Padre Martins descobriu Jesus Cristo quando era estudante. Agora padre católico e evangelizador apaixonado, viaja internacionalmente como pregador itinerante e é um renomado especialista em santos católicos e suas relíquias, tendo recebido a designação eclesiástica de Custos Reliquiarum.

Exerce a função de Diretor de Tesouros da Igreja, um ministério de evangelização patrocinado pelo Vaticano que usa relíquias dos santos para comunicar a presença do Deus vivo. Papa Francisco designou Padre Martins como um Missionário da Misericórdia, com faculdades especiais para servir como delegado papal em todo o mundo.