Marcas na famosa Pedra do Destino, usada para coroações reais britânicas desde o século XIII, podem finalmente ter seu significado desvendado
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 24/01/2025, às 18h18
Uma misteriosa inscrição na famosa Pedra do Destino, usada para coroações reais britânicas desde o século XIII, pode finalmente ter seu significado desvendado. Antes da coroação do Rei Charles III, em maio de 2023, uma varredura 3D revelou marcas sutis e inéditas na pedra: os algarismos romanos XXXV, ou 35.
A Pedra do Destino, também conhecida como Stone of Scone, possui uma longa história. No entanto, as recentes descobertas levaram a arqueóloga da Universidade de Stirling, professora Sally Foster, a sugerir que as marcas podem ter relações com eventos ocorridos no início da década de 1950.
Ela acredita que a pedra é uma das 35 partes de um grande bloco de arenito, sendo as outras 34 peças menores separadas após o roubo da pedra da Abadia de Westminster, em 1950.
Durante o famoso roubo, quatro estudantes tentaram devolver a pedra à Escócia, no entanto, o artefato se quebrou em dois durante a operação. Posteriormente, o pedreiro e nacionalista escocês Bertie Gray supervisionou o reparo secreto da pedra em 1951.
A Professora Foster teoriza que as marcações podem ter sido obra de Gray, como uma referência ao número total de fragmentos do bloco original: 34 pedaços mais a pedra principal, somando 35.
“Isso faz todo o sentido: 34 fragmentos mais uma pedra é igual a 35”, afirmou Foster em entrevista à PA. Embora ita que sua teoria seja difícil de comprovar, ela destaca que seria condizente com o senso de humor de Gray.
Gray, que faleceu em 1975, nunca revelou quantos pedaços da pedra foram distribuídos, mas relatos indicam que ele presenteou diversos fragmentos a pessoas ligadas ao movimento nacionalista. Um artigo do Calgary Herald, de abril de 1951, menciona que Gray deu “os retoques finais” no reparo da pedra e ficou orgulhoso de seu trabalho.
Até o momento, alguns fragmentos foram localizados, incluindo um que está nas Ilhas Orkney e outro que pertenceu ao jornalista Dick Sunburn, do Calgary Herald, guardado como “peça número 25” em seu escritório no Canadá.
A varredura 3D detalhada, realizada pela Historic Environment Scotland antes da coroação de 2023, identificou as marcações nos 152 kg de arenito, que anteriormente avam despercebidas. No entanto, a organização afirma que o propósito das inscrições permanece incerto.
“Não sabemos ao certo quando essas marcações foram feitas ou o que significam”, declarou a Historic Environment Scotland ao The Independent. “Embora tenham a aparência de algarismos romanos, isso não significa que sejam de tempos romanos. Acreditamos que possam ter sido esculpidas recentemente.”
A Professora Foster agora busca mapear o paradeiro de outros fragmentos da pedra original e apela a quem possa ter informações sobre esses pedaços históricos. Ela espera que essas descobertas possam lançar luz sobre um dos maiores mistérios ligados à Pedra do Destino.
